A Rádio na vanguarda da defesa do Consumidor — A voz que não se cala

No dia 13 de fevereiro, celebra-se o dia mundial da Rádio, um meio de comunicação que, há mais de um século, resiste às transformações tecnológicas e mantém o seu lugar como ferramenta indispensável de informação e educação, que se adapta aos tempos sem sair de moda e muito menos perde a sua importância. Além do seu papel histórico no entretenimento e na difusão cultural, a rádio tem-se destacado como um aliado fundamental na defesa dos direitos do consumidor, especialmente em regiões onde o acesso a outras mídias, ainda é limitado ou condicionado. Numa era de desinformação e desigualdades digitais, a rádio permanece como uma voz democrática, acessível e confiável.
Enquanto a internet avança, milhões de pessoas, sobretudo em áreas rurais, periferias urbanas e comunidades remotas ainda dependem da rádio como principal fonte de informações. Segundo a UNESCO, mais de 75% dos lares em países em desenvolvimento possuem um aparelho de rádio. Essa penetração massiva permite que campanhas de consciencialização sobre direitos do consumidor, alertas sobre a dinâmica social da vida dos consumidores, orientações e denúncias sobre práticas comerciais abusivas, cheguem a quem está mais vulnerável. A ADECO, em parceria com as rádios nacionais e comunitárias, tem desempenhado um papel relevante na disseminação de informação e aproximação dos consumidores por esta via.
Nas situações de emergência, como desastres naturais ou pandemias, a rádio mostra a sua força peculiar. Por exemplo, durante a pandemia da COVID-19, emissoras globais adaptaram a sua programação para denunciar a venda de medicamentos falsificados, o aumento abusivo de preços de alimentos e a importância de verificar fontes de informação. Essa capacidade de reagir em tempo real, sem depender de conexão de internet ou aparelhos caros, faz da rádio um escudo, um filtro de boa informação e comunicação com os cidadãos consumidores.
Em tempos de fake news, a regulamentação e a parte editorial de conteúdo das emissoras de rádio garantem uma camada adicional de segurança. Ao contrário das redes sociais, onde qualquer um pode disseminar dados falsos sobre produtos ou serviços, a rádio exige verificação jornalística e responsabilidade editorial. Quando uma rádio denuncia situações lesivas aos consumidores ou possibilita a explicação de informação e leis de proteção ao consumidor, o público sabe que pode confiar. Essa relação de confiança é vital para evitar pânicos sem fundamento ou a propensão a riscos desnecessários por parte dos radiouvintes.
No dia Mundial do rádio, dia 13 de fevereiro, é essencial reconhecer o seu papel não apenas como meio de comunicação, mas como instrumento de justiça social. Governos, entidades de defesa do consumidor, associações, reguladoras e entidades inspetivas, e as próprias emissoras devem ampliar parcerias, com a criação de espaços dedicados à educação financeira, à explicação das práticas e leis de defesa do consumidor, como também à fiscalização coletiva. Enquanto houver desigualdade no acesso à informação, a rádio continuará a ser um farol sintonizado na frequência da cidadania, logo na causa de defesa do consumidor.
Seja por meio de grandes emissoras ou rádios comunitárias, a voz que ecoa pelas ondas da rádio é, sem dúvida, uma voz que promove a justiça, a transparência e a defesa dos direitos de cada cidadão. Que o 13 de fevereiro nos lembre que num mundo cada vez mais complexo, a simplicidade da rádio ainda é revolucionária.
Nelson Faria PCD da ADECO