29 DE MAIO – DIA MUNDIAL DE ENERGIA

 

DIA MUNDIAL DE ENERGIA – PONTOS DE REFLEXÃO 

O Dia Mundial de Energia celebra-se a 29 de Maio e foi criado para promover a consciência sobre poupar energia e promover energias limpas.

O termo “energia” é bastante abrangente, mas restrinjamo-nos basicamente aos produtos e serviços energéticos que fazem depender as atividades diárias dos cidadãos, pequenos empreendedores, empresas e instituições. Falamos dos combustíveis líquidos, do gás e da eletricidade.

  1. COVID-19 e a Independência Energética

A recente crise mundial da COVID-19 veio nos relembrar que apesar de estarmos num mundo de nações cada vez mais interconectadas, os fluxos de mercadorias e serviços podem ser abruptamente interrompidos, deixando países ilhados à sua própria sorte na busca de soluções para suprir suas necessidades mais básicas. Sim, o mundo é frágil. Cabe a este pequeno país rever suas políticas de produção para que não fique excessivamente dependente de fornecimentos externos, que podem em situações de crises ser interrompidos repentinamente.

Cabo Verde continua dependendo em mais de 95% do fornecimento externo de energia (combustíveis) para suprir suas necessidades em transporte, eletricidade, cocção (cozinhar) e processos industriais diversos. É de facto uma exposição excessiva do exterior (insegurança energética) e uma dependência que pode ser dramática em tempos de crise mundial.  Passados 45 anos de Independência Política é tempo de ganharmos a luta por uma verdadeira independência energética e reduzir drasticamente a insegurança energética e salvaguardarmos o nosso meio ambiente e a saúde dos cidadãos.

  1. Custo da Eletricidade – onde está a redução dos 25%?

A eletricidade é um dos produtos energéticos mais fundamentais para o comum dos cidadãos. Com uma pobreza atingindo 35% da população cabo-verdiana, é imprescindível que o preço da eletricidade se mantenha a um nível aceitável para que, de forma direta ou indireta, tenha um efeito positivo nas famílias, na microeconomia, nas empresas e novamente nas famílias. Nunca é demais lembrar que um custo de eletricidade elevado tem um efeito dominó nos preços de vários bens e serviços que o cidadão comum precisa.

O governo prometeu 25% de redução das tarifas de eletricidade em cinco anos, mas passados quatro anos os preços ao consumidor residencial da eletricidade acabaram por subir 10%.

É de se louvar a iniciativa legislativa que instituiu uma Tarifa Social da Eletricidade com o fim de beneficiar as famílias mais carenciadas (31 mil lares) e contornar o problema das tarifas mais elevadas do mundo. No entanto o fraco poder de implementação da lei deixa ainda a grande maioria dos futuros beneficiários aguardando, passados mais de 2 anos.

  1. Energias renováveis e eficiência energética

Solucionar estes problemas a que se juntam a poluição e seus efeitos, passa irremediavelmente por apostar nas energias renováveis abundantes e transbordantes que a natureza nos agraciou. O país fez alguns avanços, mas é preciso progredir mais e depressa:

  • Melhorar a infraestrutura e gestão das redes de distribuição de modo a diminuir perdas, aumentar eficiência, diminuir custos e tarifas de eletricidade;
  • Diminuir a burocracia e simplificar procedimentos para que o consumidor produza sua eletricidade com base em energia solar;
  • Apostar em mais centrais solar e eólica e que permitam diminuir os custos de eletricidade;
  • Eletrificar mais a sociedade, introduzindo carros eléctricos e outras tecnologias eficientes que permitam usar equipamentos que usem eletricidade no lugar de combustíveis.

Por fim, ao consumidor aconselhamos que tenha atenção à qualidade e uso dos equipamentos e eletrodomésticos que compra, pois o barato pode sair muito caro na conta de eletricidade.  Prefira sempre equipamentos de classe A e nunca compre eletrodomésticos usados, principalmente um frigorífico.